quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Nunca soube se marido alheio prestava

Vandeca sempre foi da pá virada, por que aos nove anos já se enrabichava pelos menininhos da rua. Exercia sua feminilidade até nas rodas de bolinha de gude. Claro que os pais evangélicos nada perceberam, e a carregavam pra igreja toda semana, e oravam, oravam, por um futuro bonito para sua pequena.

A adolescência chegou e com ela os rapazes que não saiam da porta de Vandeca, causando estranhamento na vizinhança, e puxando a língua das fofoqueiras a meio metro da boca. Mas o que todos não sabiam, é que apesar de parecer uma garota fácil, Vandeca permaneceu donzela até os 18 anos, quando conheceu Erineu.

Professor do colégio publico onde Vandeca cursava o 2° ano (colegial), Erineu era um homem beirando a meia idade, com aquela barriguinha que baixava o cinto da calça esforçando-se para chegar na frente, sempre. Simpático, amável e inteligente, porem: casado.

Vandeca já num corpo de mulher, vestia-se com calças coladas nas pernas, mostrando todos os dotes de uma típica morena brasileira. Trabalhava com atendente de balcão numa lojinha de confecções infantis e a noite, esforçada ia pro colégio. Sempre exibindo seus longos cabelos negros, lisos e perfumados.

Nos flertes diários com Erineu, Vandeca acabou por ceder e tornou-se a “namoradinha” do professor. Todos ficaram sabendo por que não poupava elogios ao seu mestre. O mais constrangedor era vê-los chegarem e saírem juntos, claro que todos concluíam pra que.

Não demorou muito para que a história de Vandeca e Erineu chegasse também aos ouvidos da esposa traída. Cidade pequena, sabe como é. O próprio vento leva a fofoca adiante.

A primeira investida da esposa traída foi no trabalho de Vandeca. Armou o maior barraco o que culminou dias depois na dispensa da garota. Mesmo assim, ela não desistiu de Erineu, mesmo ele pedindo um tempo para não complicar sua vida familiar.

O caso tronou-se mais grave por que a garota não admitia ser abandonada. Ia pra escola com o intuito de provocar o professor, e nem se importava mais com os comentários. E de tanto insistir, após a poeira baixar os dois voltaram a se encontrar em furtivos colóquios carnais.

Foi então que a ira da esposa foi anunciada como trombetas do Apocalipse. Numa noite Vandeca saia do colégio toda serelepe quando avistou nos portões pelo lado de fora a sua rival. Como numa cena de western as duas se olharam prestes ao duelo. O que Vandeca não esperava era que junto havia outras seis mulheres ao seu encalço.

O que seguiu foi uma cena de covardia. Quatro das mulheres agarram Vandeca pelos braços enquanto três cortavam seu cabelo a navalhada. Após ser violada na sua cabeleira sedosa, a moça foi chutada e esmurrada como um saco de pancadas.

Nunca mais se viu Vandeca no colégio. O professor Erineu continuou a ministrar suas aulas, e sua esposa foi aclamada pelas senhoras de bons costumes da cidade. Os pais de Vandeca mortos de vergonha se trancaram por meses dentro de casa, e de lá oravam para que a cidade os esquecesse.

É assim que se descobre que mexer com marido alheio não presta.


Por Rafael Leoni, do Blog eleojamal.blogspot.com

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Saber Viver




Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar