domingo, 29 de janeiro de 2012

Sonhos...

Eu sei que não sou nada e que talvez nunca tenha tudo. Aparte isso, eu tenho em mim todos os sonhos do mundo. Fernando Pessoa

Passou o dia estudando.
Perceber que há quem construa castelos de sonhos
forjados em auto-enganos deixou-a meio arredia.
Focou-se nos livros,
E sua ciência desenvolveu-se sem nenhuma reflexão.
Não havia o que refletir.
Castelos são feitos de tijolos com a sobreposição de peças à escolha do engenheiro.
Com a lógica matemática que não percebe o elemento humano.
Trabalha com ângulos que impedem a queda
e esquecem que o tempo desgasta qualquer matéria.
Preferia ter passado a tarde na beira do mar.
Lá os peixes estão imersos, mas continuam a respirar.
Não há ligações nessas horas.
O telefone não toca. E passa a ser uma presença indesejável.
Então ela passa a tarde estudando.
Escutando a trilha sonora de um dos últimos filmes que assistiu no cinema.
E pensa que seria muito agradável a explicação para composição de personagens que aprendeu na escola.
Explicar tudo pelo falo, não, pela fala,
(pequeno ato-falho)
seria muito mais fácil.
Igual a construir castelos de sonhos com cálculos matemáticos.
Mas se lembrou que dormia nas aulas de geometria.

E lembrou-se também da pergunta feita por uma taxista.
Se teria sido melhor ignorar a mentira da época
pra estar com aquilo que um dia sonhou.
E percebeu a resposta no telefone mudo
que silenciava a vontade gritante de disfazer o auto-engano de uma pessoa querida.
Porque é melhor se perder de vez em quando dos sonhos
do que ter um castelo inteiro arruinado anos depois.
Castelos são do tempo dos cavaleiros,
e eles parecem estar em falta no século XXI.

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